terça-feira, novembro 23, 2010

Existem dias ...


Douro à noite ...
Sempre pensei que o meu regresso aqui, embora eventualmente esporádico, teria que estar associado a algo ou alguém. Ou às duas situações.
Como todos aqueles que me conhecem melhor bem sabem, a minha postura de muito extrovertido segue um caminho paralelo à de (muito) reservado.
Contradição? Talvez não! Eu sei, vocês sabem (alguns)!
Esta minha característica é muito peculiar. Não raras vezes, dou para mim a olhar para o espelho, a sorrir-lhe com alguma malícia, provando que o venci (mais uma vez), e que sou mais do que aquilo que lhe revelo. Muito mais!
Existem dias ... e dias! É verdade!
Existem dias em que me apetece voltar aqui e outros que não...
Existem dias em que tenho paciência (a maior parte das vezes) e outros que é melhor não me dizerem nada. Não que responda mal, tão somente não respondo. Nesses dias, fecho-me ainda mais.
Existem dias em que gosto (ainda) mais da noite. São aqueles dias em que a lua chama por mim mais cedo que o costume.
Existem dias em que aprecio mais a chuva. Não sei explicar lá muito bem o porquê, mas aprecio ...
Existem dias em que me apetece conversar (quase todos) ... mas há outros em que nem uma única palavra me apetece pronunciar ou escrever. Já os conheço. São aqueles dias em que penso demais. Não deviam existir esses dias. Mas são precisos, por vezes.
Existem dias em que sinto tantas, mas tantas saudades e me dói cá dentro, mas existem outros em que apesar das saudades serem imensas, gosto da "sua" dor. É mesmo! É bom sentir que mesmo passado tanto tempo, quase tudo está na mesma e no seu devido lugar.
Existem dias em que o sono tarda em fazer a sua aparição e só me apetece escrever ... mas pouco ou nada escrevo e por isso fico inquieto e ainda com menos sono. E depois existem os dias em que o sono vem com um peso enorme e me faz mergulhar num qualquer sítio, desaparecendo por completo para o mundo.
Nesses dias sonho imenso. Sonhar é sempre preciso!
Se é a dormir ou acordado, não importa. Se calhar, um dia, vou deixar de me importar que nem todos os meus sonhos se realizem, desde que em mim nunca desapareça esta minha vontade de continuar sempre a sonhar ... se muito ou pouco, não sei, a única certeza que tenho é que o que sinto é sempre imenso e verdadeiro.
Sinto-me sempre bem!
A vida prossegue em ciclos, uns mais intensos, outros mais calmos, existindo alturas em que olho ao redor e a sensação que tenho é que parece estar tudo errado, especialmente no sentido que estou a dar às coisas e às pessoas. São nestes momentos que a minha alma se solta, se desprende do meu corpo, procurando no espaço uma resposta que se revele, algures, no horizonte...
Momentos sempre intensos e imensos.
Ainda há dias constatei isso mesmo, apesar de me encontrar num espaço físico fora do meu "habitat" natural...
Como se o que sentíssemos tivesse que coabitar no mesmo espaço de sempre?! Naturalmente que não!
Mesmo à noite, sem lua, mas perante uma paisagem nocturna de inegável beleza infinita, que jamais esquecerei, viajei em sonhos até ao mais belo pôr-do-sol, mesmo que seja noite, porque para (re) viver basta sentir. Observei as luzes da cidade, o serpentear do rio que na sua constante mansidão seguia o seu curso, alheio aos meus pensamentos e divagações, os vidros embaciados e cintilantes produzindo reflexos únicos, enfim, a noite no seu melhor, até as estrelas brilhantes pareciam cantar e encantar ...
Momentos vividos intensamente!
Tenho (já) saudades! Muitas!
A natureza no seu melhor...
Mais parecia um sonho. Um sonho tão, mas tão agradável que se pudesse não acordava, por enquanto ...
Tudo tão perfeito. Tão perfeito, como nós somos imperfeitos!...